Entre girassóis negros de uma manhã sem fim
Os trilhos iam chegando ao seu final
Naqueles escombros podia-se ouvir as vozes dos fantasmas
O arame farpado parecia uma sintonia fora de lugar
Os vagões, o comboio, tudo parecia em seu lugar, o final de mais um dia
A dor, o desespero, no ar se enchia
E naquele dia o sol negro aparecia
E dentre todos os sonhos que ainda vivia
o despertar daquela manhã me afligia
Nem mais sonhos
Entre aquele bosque se ouvia
Inda era primavera naquele tempo
Mas naquele dia o inverno se fazia
Noite fria
Quanta agonia.
Lembrança da casa quente
Do almoço do meio dia
Do café fresquinho quando o sol rompia
O lençol macio que o cobria
A coberta quente que aquecia
Mas eu via
ciganos em alguns instantes, que precedia, a morte os recebia
E naquela marcha do silencio a fila prosseguia
Somente os gritos de um homem magro
Que de seus olhos pensamentos já não se via
E os fantasmas de pijamas listrados
De cabelos raspados
Como animais marcados prosseguiam
Seguiam para o matadouro, final chamado.
Hoje naquele lugar o sol continua a brilhar
Mas as lembranças continuam naquele lugar.
O orvalho ainda lembra
As lágrimas que respingaram
Dos suspiros tristes em noites de luar.
O céu de inverno negro ainda lembra
De todos que por ali passaram.
By Iria Horn
27/01/2015